Nossa rotina nas embarcações.

14/06/2018

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O Pantanal mato-grossense é nossa joia preciosa. Ele não precisa ser lapidado apenas apreciado e cuidado.

Tanto pelo caminho quanto na cidade nos fazem muitas perguntas:

- Se somos ecologistas, ambientalistas ou o quê?
Cremos que somos um pouco disto tudo mas principalmente amantes da natureza, curtidores de aventuras e adoramos deixar nossa marca por onde passamos.

Ajudamos quando podemos e sempre nos oferecem ajuda quando precisamos. Somos presenteados pelo caminho com peixes, ovos, frutas e, às vezes, até verduras. Sabemos o quanto isso é valioso, onde tudo é muito mais difícil do que na cidade. As hortas são pequenas e, normalmente, feitas em canoas descartadas. As frutas são raras nos pés pois a competição com os pássaros que são muitos, às vezes chega a ser desleal. As galinhas são presas fáceis para os animais selvagens.

Sempre levamos coisas para presentear os ribeirinhos. Neste ano (2018) ECOCLIC VI levamos bonés, café e escovas de dente, todos com a nossa marca. Porta-retratos, para fotos tiradas e reveladas na hora, sempre fazem sucesso.

- Há conforto ?

Conforto temos o mínimo. Mas em nosso ponto de vista temos todo o necessário para tornar a aventura segura e prazerosa.

Os dois barcos são idênticos, Levefort Marajó 22 Matriz customizados na fábrica e equipados com motores Mercury 200 Verado.

O espaço é restrito para bagagens, mantimentos e morada. Por isto a customização incluiu a instalação de conteineres estanques e uma plataforma escamoteável. Este espaço se transforma em cozinha/refeitório ou quarto de dormir conforme o momento. A capacidade de combustível foi aumentada drásticamente.

- Como é a rotina ?
Paramos de navegar por volta das 16h. Procuramos um bom lugar abrigado do vento e apoitamos. A primeira tarefa é instalar o acampamento a bordo. Baixamos os mosquiteiros, montamos o biombo com chuveiro a gás e patente química e preparamos a cozinha.

Em seguida vem um bom banho antes do horário dos pernilongos e começa a tarefa do jantar sempre preparado pelo Milton.

Rola um bom papo: acontecimentos do dia,planejamento para amanhã,talvez um pouco de batuque e música. E chega a hora de dormir.

Agora é colocar a louça suja no paiol de popa para ser lavada na manhã seguinte, desmontar a cozinha para dar lugar para a cama, e inflar os colchões.

Acordamos cedo, com os passarinhos e já se repete todo o processo ao inverso. Desfazer as camas, montar a cozinha.

Enquanto Milton prepara o café , a Zana ou a Mara lavam a louça do jantar. Refeição resolvida, sobem os mosquiteiros, tudo é desmontado e estamos prontos para navegar novamente.

Há de se gostar muito, por que não é fácil. Funciona muito bem quando todas as funções estão bem definidas.

- Qual a função de cada um ?

A interação do grupo é fundamental para o sucesso da expedição.

As tarefas são divididas: Milton é o cozinheiro e o relações públicas além de piloto de um dos barcos. Ele é ótimo para se comunicar com o pessoal da região.Portas são abertas por pura habilidade de comunicação.

Zana cuida das finanças e da despensa, sua organização é perfeita e sua memória invejável. Nada deve sair do lugar estipulado por ela, afinal em embarcações nada é mais estressante do que não encontrar as coisas.

Klaus se ocupa da logística, em especial das rotas, planejamento do combustível e localização dos pontos de apoio. Faz ainda a edição dos vídeos e cuida das mídias sociais.

Mara é assistente do cozinheiro, faz os lanches do almoço, é fotógrafa e responsável pela identidade visual do grupo.

- E o combustível ?

A customização dos barcos,como dito,incluiu um aumento drástico da capacidade de combustível. Passou dos originais 86 para 320 Litros.

Isto resulta numa autonomia que supera os 600 Km.

Todas as expedições percorrem distâncias acima de 1000 Km. Como se resolve isto então ?

Há três maneiras. A primeira e menos desejável é acrescentar combustível em galões no convés. Além de perigoso é um recurso limitado.

A ideal é reabastecer em pontos de apoio em rota. Mas nem sempre a rota passa por algum destes raros pontos.

Até onde a ECOCLIC sabe, no triângulo Corumbá/ Cáceres/Rondonópolis existe apenas um, Porto Jofre, além das próprias cidades.

A alternativa mais eficiente é depachar combustível para pontos estratégicos que estejam na rota proposta. Isto é feito por apoiadores da ECOCLIC, lanchas freteiras ou até chalanas turísticas.

Não é perigoso dormir nos barcos. ?
Precaução é o nome do jogo. Na procura de um local para passar a noite a melhor opção é não ficar próximo a barrancos e é importante certificar-se de que não haja abelhas nas árvores próximas.

Às vezes, por falta de opção, temos que apoitar em prainhas ou próximo a barrancos. Neste caso uma boa olhada verificando a atividade de algum bicho, em especial rastros de onça, é a maior preocupação.

Os barcos ficam bem vedados pelo mosquiteiro dificultando a entrada de bichos peçonhentos. Ainda assim ninguém enfia a mão em malas, mochilas etc. ou veste um calçado sem antes verificar.

Não dá briga?
Hoje a ECOCLIC se orgulha de ser um time inabalável.

Isto não foi sempre assim. Ao longo das expedições, enfrentando dificuldades, contratempos e situações estressantes, num exercício de autocontrole, tolerância e conhecimento mutuo o grupo conquistou a harmonia imprescindível para enfrentar viajens cada vez mais arriscadas e desgastantes.

E assim, entre uma parada e outra, entre conhecer e conversar com as pessoas, fotografar, pescar, rir, cantar e contar causos, vamos escrevendo nossa história pelas águas desse tesouro magnífico, chamado PANTANAL...

Somos dois casais que adoram se avanturar pelas curvas dos rios pantaneiros.

Nossas embarcações Caimã e Marruá.
Nas embarcações levamos apenas o necessário, o excesso atrapalha do começo ao fim da viagem. Os mantimentos foram reduzidos a cada expedição, hoje em dia precisamos pescar para nos alimentar.
O que não pode faltar é a água, consumimos em média 15l/dia. Levamos em galões de 5l e no decorrer da viagem compramos mais quando temos oportunidade.
Nos freezers levamos gelo, legumes cozidos, carne para os primeiros dias de viagem. A captura de peixe é apenas para nossas refeições.
As embarcações foram customizadas de fábrica para nosso estilo de viagem. .
Para o banheiro montamos uma barraca atras do barco com a patente química e um chuveiro a gás.
Para nos proteger dos pernilongos baixamos os mosquiteiros. Nos dias de frio, para dormir, montamos as barracas dentro do barco e quando está calor dormimos vendo as estrelas.

Embarcações Caimã e marruá

Rotina diária. Montar o acampamento.

A água é do rio, mas o banho é reconfortante.

Após um bom sono é fantástico acordar com os pássaros.

Antes de seguir viajem. Deixar tudo pronto para a próxima parada.

Encontramos esta família no rio Piquiri.
Ganharam o porta retrato, escova de dente para as crianças e bonés para todos.em retribuição nos deram dois tucurarés que haviam acabado de pescar o que garantiu nosso almoço